terça-feira, 17 de abril de 2012

Canoas Rio Branco 2011

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Apenas um garoto

Eu ere apenas um garoto, desses de classe média que são sustentados por seus Pais e acham que suas necessidades estão acima de tudo. Ao mesmo tempo me fantasiava de CDF pra não jogar fora todo o trabalho árduo que meus pais tinham pra comprar minhas roupas e pagar as contas do cotidiano.
Certo dia estava eu jogando bola no pátio, uma partida realmente eletrizante. Daquelas que você joga sozinho, narra e promove substituições no time. Eu era por falta de companhia naquela momento o time do Grêmio todo. Eu atacava e defendia dos dois lados, atacava na goleira de canos improvisada por meu Pai e defendia no muro mais baixo, onde tinha que driblar pinhas, os gatos da vizinha, o gato vesgo da vizinha que cagava e cavava do lado, dentre tantos outro obstáculos imaginários ou não. Eram bons aqueles tempos onde se podia convidar amigos pra jogar em casa ou então tentar convencer a sua irmã a ser goleira ou atacante. Em último caso ao chegar meu Pai ele acaba virando o Arce e cruzava bolas na área para o "Jardel" cabecear no canto.
Quando o "Arce" não estava em casa, eu me encarregava de imaginar o Estádio todo, a torcida, o adversários, as adversidades e as vitórias. Afinal em 1995 nosso time vencia tudo e mesmo com o grande elenco montando por nossos rivais, ligávamos o rádio ou a televisão acreditando na vitória e sabendo que o Felipão acertaria o nosso time pra esmagar o Inter. Como era bom torcer pro Grêmio naquela época, o Grande Fábio Koff cuidava de toda a parte política e o Cacalo seu braço direito se emocionava a cada vitória, por vezes parecia mais torcedor que dirigente. Quando ganhamos a Libertadores em 95 infelizmente fomos muito "malvados" com os vermelhos, o complexo de inferioridade só aumentou. Afinal, eles contratam Gamarra, Branco, Goyco "a Franga" e tinham talentosos jogadores oriundos de sua base.
Em contrapartida, nós tínhamos um time de Guerreiros onde por alguma razão misteriosa os operários passaram a ser as estrelas e o talento era a cereja do bolo. Como era bom ver o Danrlei peitando atacante na zaga, o Rivarola tirando todas por cima e o Capitão América organizando a defesa. O Arce detonando na direita, o Roger marcando com raça e apoiando com qualidade, o Dinho comandando o meio de campo defensivo com o Goiano, Arilson e Carlos Miguel dando aquele toque de habilidade e articulação que tanto falta ao nosso time agora em 2012. E aquele ataque, caramba que ataque! O Paulo Nunes voando baixo e driblando, provocando os adversários e o Jardel botando a bola na rede ! As batalhas contra o Palmeiras onde a rivalidade esquentava toda hora e muitas vezes as brigas aconteciam, aqueles eram jogos épicos onde tudo podia acontecer.
Não era o Santos do Pelé, não era a Seleção brasileira nem o Barcelona ou Real Madrid, era o Grêmio que enfrentava todos aqui no Brasil com raça e coragem. Um time destemido que sabia muito bem que futebol é jogo coletivo. Por isso meus amigos, falo e repito se for preciso: se as estrelas não jogam pra equipe, não jogam pela torcida. O futebol perde toda a graça.


Vinícius Antunes/ GREMISTA